
quando me sento a ver a roupa caída
de corpo dado ao vento
estou no quintal da minha avó
naquele quintal onde havia prédios altos
de varandas de cabelos brancos
de tábuas mastigadas a separar-nos dos vizinhos
naquele quintal onde o sol chegava de manhã
almoçava e ia para a praia
e me deixava perdida na roupa da corda
do ar
das nuvens
quando a minha avó tirava a roupa do vento
eu vestia as manhãs de primavera