7 de novembro de 2010

nem sempre tem de ser poesia. pode ser simplesmente as pernas arregaçadas, os pés molhados na areia. as ondas rasas em direcção aos pés, o olhar raso em direcção ao mar. as mangas prolongadas a aquecer as mãos, as mãos agarradas ao prolongamento das costuras. o céu frio, a luz baça. o corpo de pé imóvel a água parada no tempo.

neste momento não há poesia. só há uma inundação de palavras que não encontram dono nem destino, não têm fuga nem caminho. existem apenas e querem cessar. querem seme-ar semterra. querem vo-ar de cabeça e aterr-ar sem pés.

deixo-as. levo-as comigo e abandono-as ali. arregaço os braços e as pernas, raso o olhar, turvo o céu e digo-lhes que o mundo é delas. a-penas.

2 comentários:

patricia disse...

às vezes não sei o que fazer com elas.

ninguem disse...

Parabéns Patricia.
Gostei desta "nuance" na sua escrita!
Temos um prémio à vista.